quinta-feira, 20 de março de 2008

Transparências Aula Ética

ÉTICA

"A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta” (VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7a edição Ed.Brasiliense, 1993, p.7).

Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ÉTICA é "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”.

“A Ética pode ser um conjunto de regras, princípios ou maneiras de pensar que guiam, ou chamam a si a autoridade de guiar, as ações de um grupo em particular (moralidade), ou é o estudo sistemático da argumentação sobre como nós devemos agir (filosofia moral)”. (Singer P. Ethics. Oxford: OUP, 1994:4-6).

Alguns autores diferenciam ética e moral de vários modos:
1. Ética é princípio, moral são aspectos de condutas específicas;
2. Ética é permanente, moral é temporal;
3. Ética é universal, moral é cultural;
4. Ética é regra, moral é conduta da regra;
5. Ética é teoria, moral é prática.

Etimologicamente, ética vem do grego "ethos", e tem seu correlato no latim "morale", com o mesmo significado: Conduta, ou relativo aos costumes.

Pode-se concluir que etimologicamente ética e moral são palavras sinônimas.

Vários pensadores em diferentes épocas abordaram especificamente assuntos sobre a ÉTICA: Os pré-socráticos, Aristóteles, os Estóicos, os pensadores Cristãos (Patrísticos, escolásticos e nominalistas), Kant, Espinoza, Nietzsche, Paul Tillich etc.

A questão da ética


Ética Normativa - Ética Moral - Baseia-se em princípios e regras morais fixas (Ex: Ética Profissional e Ética Religiosa: As regras devem ser obedecidas).

Ética Teleológica - Ética Imoral - Baseia-se na ética dos fins: “Os fins justificam os meios” (Ex: Ética Econômica: O que importa é o capital).

Ética Situacional - Ética Amoral - Baseia-se nas circunstâncias. Tudo é relativo e temporal (Ex: Ética Política: Tudo é possível, pois em política tudo vale).

Fonte: GOLDIM, José Roberto. Afinal, o que é Ética?

Afinal, o que é ética?

Ética é algo que todos precisam ter.
Alguns dizem que têm.
Poucos levam a sério.
Ninguém cumpre à risca...


A RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E MORAL

A moral se traduz em normas aceitas íntima e livremente pelos indivíduos, por convicção pessoal, sendo reconhecidas como obrigatórias por refletirem os princípios, valores e interesses dominantes na sociedade na qual estão inseridos. As normas morais ditam como devem agir os membros de uma determinada sociedade. Não se recorre à força ou à imposição coercitiva.

A ética se caracteriza como a ciência que investiga a moral. Não encontramos na ética uma norma de ação para cada situação concreta. O problema de como agir de maneira a que a sua conduta seja boa, ou seja, moralmente valiosa pertence à moral. A ética, diferentemente, preocupa-se com problemas gerais de caráter teórico, como definir a essência da moral, sua origem, as condições objetivas e subjetivas do ato moral e as fontes de avaliação moral.

Ao se definir a essência da moral e as condições do ato moral, está-se traçando um caminho geral, a partir do qual os homens possam orientar seu comportamento.

Ética e moral, portanto, são diferentes, embora guardem estreita relação. Adolfo Sánchez Vázquez[1], nesse sentido, afirma que a missão da ética é explicar a moral e, assim, termina por influir na própria moral.


A RELAÇÃO ENTRE ÉTICA E DIREITO

A ética, como ciência da moral, relaciona-se com o direito, na medida em que este também estuda o comportamento humano sujeito a normas.

A ética se preocupa com o comportamento humano perante as normas morais, que, apesar de obrigatórias, não têm força coercitiva. As sanções impostas ao descumprimento de normas morais ficam restritas à desaprovação social.

No campo do direito, trata-se de normas jurídicas, impostas coercitivamente, e a cujo descumprimento o Estado impõe sanções.

Direito e ética se diferenciam nos termos acima expostos, mas há uma área de intersecção. Imaginando o direito e a ética como duas esferas, podemos dizer que elas se interpenetram, mas não totalmente.

A ética, conforme destaca o ilustre jurista Ives Gandra[2], está presente na formação do direito, na medida em que este precisa manter correspondência com os valores sociais evidenciados pela ética.

É patente que a eficácia das normas jurídicas depende do seu caráter ético.

Ives Gandra evidencia a questão ética no setor empresarial, citando o art. 170 da Constituição Federal de 1988, que expressamente consagra os princípios éticos norteadores da atividade econômica:
“Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I. soberania nacional;
II. propriedade privada;
III. função social da propriedade;
IV. livre concorrência;
V. defesa do consumidor;
VI. defesa do meio ambiente;
VII. redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII. busca do pleno emprego
IX. tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede e administração no país”.


ÉTICA PROFISSIONAL

A reflexão sobre as ações realizadas no exercício de uma profissão deve iniciar bem antes da prática profissional.

A escolha por uma profissão é optativa, mas ao escolhê-la, o conjunto de deveres profissionais passa a ser obrigatório. Geralmente, quando você é jovem, escolhe sua carreira sem conhecer o conjunto de deveres que está prestes ao assumir tornando-se parte daquela categoria que escolheu.

Toda a fase de formação profissional, o aprendizado das competências e habilidades referentes à prática específica numa determinada área, deve incluir a reflexão, desde antes do início dos estágios práticos.

Ao completar a formação em nível superior, a pessoa faz um juramento, que significa sua adesão e comprometimento com a categoria profissional onde formalmente ingressa.
Isto caracteriza o aspecto moral da chamada Ética Profissional, esta adesão voluntária a um conjunto de regras estabelecidas como sendo as mais adequadas para o seu exercício.

Mas pode ser que você precise começar a trabalhar antes de estudar ou paralelamente aos estudos, e inicia uma atividade profissional sem completar os estudos ou em área que nunca estudou, aprendendo na prática. Isto não exime você da responsabilidade assumida ao iniciar esta atividade!

Algumas perguntas podem guiar a reflexão, até ela tornar-se um hábito incorporado ao dia-a-dia:

Estou sendo bom profissional?
Estou agindo adequadamente?
Realizo corretamente minha atividade?


É fundamental ter sempre em mente que há uma série de atitudes que não estão descritas nos códigos de todas as profissões, mas que são comuns a todas as atividades que uma pessoa pode exercer:

- Atitudes de generosidade e cooperação no trabalho em equipe;
- Postura pró-ativa.

Muitas oportunidades de trabalho surgem onde menos se espera, desde que você esteja aberto e receptivo, e que você se preocupe em ser um pouco melhor a cada dia, seja qual for sua atividade profissional.

E isto é parte do que se chama empregabilidade: a capacidade que você pode ter de ser um profissional que qualquer patrão desejaria ter entre seus empregados, um colaborador. Isto é ser um profissional eticamente bom.

Ética Profissional e atividade voluntária

Voluntário é aquele que se dispõe, por opção, a exercer a prática Profissional não-remunerada, seja com fins assistenciais, ou prestação de serviços em beneficência, por um período determinado ou não.

Aqui, é fundamental observar que só é eticamente adequado, o profissional que age, na atividade voluntária, com todo o comprometimento que teria no mesmo exercício profissional se este fosse remunerado.

Ética Profissional: Pontos para sua reflexão

Competência técnica, aprimoramento constante, respeito às pessoas, confidencialidade, privacidade, tolerância, flexibilidade, fidelidade, envolvimento, afetividade, correção de conduta, boas maneiras, relações genuínas com as pessoas, responsabilidade, corresponder à confiança que é depositada em você...


A RELAÇÃO DO TURISMO/HOTELARIA COM A ÉTICA E COM O DIREITO

Os indivíduos ou consumidores e as empresas ou produtores interagem no mercado de produtos turísticos. São considerados produtos turísticos bens e serviços produzidos para atender as necessidades das atividades de viagens e de lazer, incluindo o transporte, a hospedagem, o agenciamento, a alimentação, o entretenimento e outras manifestações de produção que atendam as necessidades dos consumidores reais desses produtos, chamados de turistas[3].

A atividade turística, assim como toda e qualquer atividade humana, deve se submeter aos princípios éticos.

Para garantir o sadio desenvolvimento do mercado turístico, para que este siga os princípios éticos, o direito intervém.

O direito, portanto, intervém na ordem econômica, em que se inclui o setor turístico, estabelecendo normas gerais para que a prática empresarial e econômica se coadune com o interesse público (social), para que o mercado cresça e se desenvolva, mas dentro dos princípios éticos. É por isso que quando se fala em direito e economia ou em direito e turismo vem a idéia de planejamento.

O direito não está para saturar a atividade econômica, sem deixar nenhuma margem de atuação para os particulares (engessamento), nem está para permitir tudo, deixar ao completo arbítrio dos particulares, porque seria a própria negação do direito.

O verdadeiro papel do Estado, portanto, é condicionar a atividade humana (inclusive turística) aos valores sociais, deixando uma margem de atuação. É estabelecer normas gerais de conduta que traduzam o mínimo exigido.

[1] SÁNCHEZ VÁZQUEZ, Adolfo. Ética. 16.ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996, p. 14.
[2] MARTINS, Ives Gandra da Silva (coordenador). Ética no direito e na economia. São Paulo: Pioneira, 1999, p.11.
[3] LAGE, Beatriz Helena Gelas; MILONE, Paulo César (organizadores), Turismo: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000, p.25

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